terça-feira, 24 de janeiro de 2012

PROJETO NOVA CARTOGRAFIA SOCIAL DA AMAZÔNIA

No último dia 17/01/2012, estiveram em Santa Inês, no CESSIN/UEMA a convite dos organizadores do Projeto Nova Cartografia da Amazônia, (Projeto de Mapeamento Social), os Professores e Sindicalistas James Souza e Concita da Pindoba, líderes do Movimento Sindical de Professores e Profissionais da Educação em Paço do Lumiar e participantes do FÓRUM ESTADUAL POR REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA que  faz um importante trabalho  em defesa das comunidades ameaças de despejos forçados, por sustentabilidade e luta por moradia digna na Região Metropolitana de São Luis realizando um trabalho de conscientização, de mobilização e intervenção junto aos mais diversos órgãos e instancias do poder no sentido de juntos solucionar de maneira satisfatória tais situações responsabilizando os poderes constituídos na efetivação e garantia dos direitos  de todos os cidadãos, uma vez que moradia é direito constitucional, portanto, garantir esse direito é Lei, é dever do Estado.
A viagem se deu por causa do número excessivo de comunidades em Paço do Lumiar e São Luis que estão ameaçadas de despejos forçados para darem lugar aos grandes empreendimentos imobiliários que tomaram conta do nosso Estado, sobretudo em nosso Município que falta gestão pública das esferas municipal e estadual e política pública que vise o bem estar e o desenvolvimento sustentável das zunas rurais e urbanas do Estado.
Os empreendimentos imobiliários chegam devastando tudo, acabando com histórias e famílias, como aconteceu no Boby Kennedy, hoje Menino Gabriel, há mais de 2 anos, onde várias famílias foram desestruturadas, é como doença crônica, que não existe chances de cura e os Cartórios são os maiores investidores, apoiadores e  responsáveis pelos atos de grilagem  de terra e da falsa regularização através de registros feitos sem nenhum critério.
Em Paço do Lumiar:
·         Na Comunidade Eugenio Pereira tem uma mesma área de terra sendo reclamada por três “donos”;
·         Na Pindoba o mesmo “dono” que diz ser o proprietário de 296 ha de terra, praticamente todo área agrícola, (considerado o maior Cinturão Verde do Município), com 318 famílias 90% vivendo da agricultura familiar aparece com um documento de 145 ha dizendo ser dono da metade da Pindoba, comunidade centenária, com história de ser, talvez, o primeiro quilombo urbano, onde ainda temos a matriarca viva, D. Basica, com mais de 104 anos, com muita disposição para dar e partilhar, que nos conta a história da primeira versão do Bumba Boi ouvida de seus avôs, descobrimos um documento sobre a Pindoba em Cartório, um Termo de Doação da gleba de terra datada de 1900 que diz “em 1900 Pindoba já existia com o nome de Sitio Pindova”.
Com base em todas estas e outras informações que traremos em momento oportuno, por querer combater a forma como nossos governantes contribuem para desfazer nossa história deixando nosso povo sem identidade, para querer realmente descobrir quem somos de onde viemos e para que estamos aqui é que topamos o convite e o desafio de nos engajarmos no grupo de pesquisa da Cartografia da Amazônia para investigar junto com um grupo de  antropólogos, historiadores, juristas  e acadêmicos  sobre nossas raízes para resgatar nossa  identidade, lutar ainda mais por nossos direitos essenciais, não deixando que determinem em  quem devemos  acreditar ou que acreditemos em qualquer coisa, e para as comunidades que foram nascendo ao longo de nossa história estaremos colhemos dados a fim de escrever as histórias delas também, com a colaboração e participação de cada liderança local que exerce um papel importante na construção de todo saber comunitário, saber popular que não pode estar dissociado do saber formal. Assim a cartografia vem como objetivo fortalecer as formas nativas de uso de recursos naturais, buscando aprimorá-las e torná-las mais eficazes.
Entendemos que a maioria das comunidades ameaçadas tenham uma história de constituição, de vida, sua cultura própria e a inclusão de novas culturas que se apagam no decorrer de sua existência, infelizmente não é possível observar incentivo por parte dos GESTORES PÚBLICOS, que garantam os direitos do cidadão, NÃO CUMPREM ACORDOS QUE FAZEM COM INSTITUIÇÕES SOCIAIS, com grupos organizados, com sindicatos nem tão pouco se preocupam em resgatar ou construir a história de cada comunidade, confirmando os despejos, pois povo sem identidade, é povo sem historia, é povo pobre.
Nós discordamos disso e vamos provar através desta Pesquisa quão grande e rico é nosso povo  e nossa história considerando que o Projeto vai capacitar os povos e comunidades tradicionais e demais povos, assim, com o Mapeamento Social iremos realizar o resgate de histórias de comunidades centenárias como é o casso da Pindoba, Mojó, Tendal, Quebra Pote, Anajatiua  e outras.
O que muito nos impressionou durante o evento foram os relatos dos companheiros de Santa Inês, Pindaré e outros municípios vizinhos sobre os mesmos problemas que enfrentam os Índios, Quilombolas, Ribeirinhos, Pescadores, Agricultores Familiares são a falta de oferta de Educação, Infra-estrutura e outros, tão parecidos dos nossos, só mudou o endereço, por que será?

Um detalhe curioso, é que o que se sabe a respeito dos 4 municípios que formam a Ilha Capital do Maranhão é muito fantasioso, longe da realidade e enquanto falávamos da realidade de Paço do Lumiar todos ficavam espantados com tamanho descaso da Gestão Pública.

Apesar de tudo, os companheiros ainda nos elogiaram por nos mantermos em posição de resistência, sobretudo aos despejos forçados. Essas informações não se esgotam aqui, pois tanto o Núcleo Sindical de Paço do Lumiar quanto o Fórum por Regularização Fundiária estão desenvolvendo um trabalho em Paço do Lumiar e na Ilha de São Luis que tem contribuído bastante com a luta por garantia de direitos de todos os seguimentos da sociedade afetada pelos descasos do poder público.

Saudações sindicais e um forte abraço a todos, Professores Luis Fernando, James Souza e Professora Concita da Pindoba.


Por Prof. James Souza & Profa. Concita da Pindoba

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